domingo, 26 de agosto de 2012

Rumo ao Norte pela BR 101 - (Set/Out/08)


São Paulo – Rio das Ostras (2/9)

Eu e Iara levantamos por volta das 4h30 da manhã, depois de uma véspera bem agitada preparando a viagem. Saímos exatamente ás 5h20, dia escuro ainda, em direção a rodovia Presidente Dutra, a BR 116. O ânimo não podia estar melhor.
Seguimos bem, num ritmo bom, sem forçar. A estrada está muito boa, e vale cada centavo que se paga nos cinco pedágios pelos quais passamos. Fizemos algumas paradas para café e esticar um pouco as canelas em Roseira (SP), Piraí (RJ) e Itaboraí (RJ). O calor estava forte, e eu me senti desgastado por isso. Iara ia tocando o carro, enquanto eu “navegava” com o mapa. Foi uma parceria harmoniosa nesse primeiro dia.
Momentos tensos: a passagem pelo Rio de Janeiro e o medo de alguma bala perdida na favela da Maré, e a estrada BR 101 na região de Casemiro de Abreu (RJ), onde os motoristas dos carros e caminhões são todos malucos!
No Rio, o meu medo era o de não encontrar o caminho certo para Niterói (RJ), e esse medo era encorpado pela insegurança de saber sobre a situação de violência da cidade. Isso para mim era um ameaça muito maior do que o de perder o caminho; quando cruzamos a ponte Rio-Niterói, relaxei. Ah, para cruzar a ponte, tem mais um pedágio.
A situação em Casimiro de Abreu (RJ) é muito estranha: a estrada, apesar de mão dupla, é muito boa. A insegurança vem mesmo dos motoristas fluminenses, que dirigem ali alucinadamente, como se estivessem participando de um racha, ou fugindo de alguém. Presenciamos diversos quase-acidentes por causa disso. Felizmente, só ficou no quase mesmo.
Finalmente chegamos em Rio das Ostras (RJ). A cidade é muito simpática, ajeitadinha. Fomos procurar pela Pousada da Lenna (R. São José, 49 tel. 22 2764 2681), na praia do Cemitério. Perguntamos inicialmente para dois guardas municipais, zé ruelas que não sabiam de nada e nem tinham muita disposição em ajudar. Ligamos para a pousada, e com um pouquinho de paciência, encontramos. A dona é muito simpática, paulista de Guarulhos. Um bom quarto por R$ 60, preço honesto. Tomamos um banho e fomos em busca do nosso tesouro: comida! Estávamos famintos. Mandamos ver um delicioso filé de dourado, precedido de iscas de peixe. Comemos muito, e depois caminhamos bastante pela cidade. Voltamos para a pousada, pois merecíamos um descanso depois de 8 horas de estrada dura. Á noite eu fui dar uma volta, sentir a brisa do mar. Amanhã continuamos por aqui, vamos conhecer a praia mais famosa da região, chamada Costa Azul.

Dica: Dirigir numa estrada que você não conhece direito é osso! Vá sempre devagar, e só ultrapasse com segurança. Nessa BR 101, aquele lance de “dirigir para você e para os outros” é absolutamente verdadeiro. Olho vivo.

Primeira parada da trip, na cidade de Roseira (SP)
Chegada em Rio das Ostras (RJ)
Cair da tarde em Rio das Ostras (RJ) 
Rio das Ostras – 2º dia (3/9)

Acordamos cedo. Quer dizer, cedo pra quem está de férias: 8h20 e nós de pé, já nos ajeitando para descermos e tomarmos o café da manhã, que aliás foi muito bom.
Tiramos algumas infos com a Lenna sobre como chegar até a praia Costa Azul, a mais conhecida aqui, e ela nos indicou uma maneira alternativa para chegarmos lá: pelos costões rochosos! Eu adorei a ideia. Então seguimos, eu de olho na Iara, que não é muito chegada em aventura...aproveitamos a maré baixa e cruzamos a foz do rio das Ostras a pé, até encontrarmos a trilha do outro lado, já nos costões. Começamos a subir o morro, e logo se abriu um visual impressionante do mar, seguindo a trilha, lá embaixo, a Praia da Joana.
Na Praia da Joana a coisa é mais ou menos assim: praia de tombo, uma ilhota bem em frente, um único quiosque para suprir de água e cerveja os mais sedentos, pouca gente na areia. E as visitantes mais ilustres nadando assim pertinho da gente: as tartarugas. Ficamos um bom tempo ali, tomando sol, cerveja e um banho de mar, contemplando aquela paisagem.
A galera aqui é simpática, a cidade tem vocação turística, e por isso mesmo duas práticas sempre duelando: os caras querendo meter a faca em você nos preços, e você pechinchando até não poder mais! Saímos da Praia da Joana, e seguimos pelos costões rochosos para a próxima praia, chamada Verde: mar bravo, areia grossa; milhares de conchinhas espalhadas, e ainda vimos um pinguim. Seguimos.
Saímos dos costões, os pés estavam castigados. Preferimos seguir pela bonita rua que margeia a praia da Costa Azul. Mais alguns metros, e uma entrada de madeira junto a uma placa onde se lia “Patrimônio Natural dos Costões Rochosos”. Decidimos entrar, e foi a melhor escolha: demos de cara com belas formações de pedra, e um mirante espetacular.
Impressionante como essa cidade é bem cuidada, limpa e hospitaleira. Descemos do mirante e demos de cara com uma praça bem projetada, chamada Praça da Baleia. Adivinha porque? É que tem uma escultura, em tamanho natural, de uma baleia jubarte, e um mergulhador segurando a nadadeira dela. Bem original.
Ficamos por ali, em algum daqueles quiosques...a fome ia batendo, e foi nessa que descobrimos a primeira barbada da trip: um restaurante que serve prato+salada+bebida+sobremesa por R$15! E é barbada porque o prato servido é enorme, o individual serve duas pessoas na boa; como a gente tava com uma fome legal, cada um comeu o seu...(rsrs)
Desfeitos do tormento da fome, nos jogamos na areia, e dormimos um bom tempo. Foi bom, gostoso e necessário. Quando o vento começou a vencer o Sol, levantamos e fomos embora, dessa vez seguindo o curso do rio de volta á praia do Cemitério.
Depois de um banho, eu fui ao mercado comprar algumas frutas, para comer no caminho. Amanhã, vamos até Marataízes (ES).
E meu dente tá doendo.

Dica: O nome do restaurante na praia da Costa Azul, aquele da comida farta por 15 mangos, é Ponto Tropical (Av. Atlântica, praia da Costa Azul). Mas fica esperto, ali tem vários restaurantes nesse estilo, “coma bastante e pague pouco”, vale pesquisar. Só não coma nos quiosques, que são bem carinhos.

Costa Azul, em Rio das Ostras (RJ)

Iara na Praça da Baleia
O rio que dá nome à cidade: Rio das Ostras
Rio das Ostras – Marataízes (4/9)

Acordamos cedo, mais uma vez, hoje por necessidade de estrada: até Marataízes (ES) são, teoricamente, 4 horas e meia de viagem.
Tomamos café mais uma vez bem, pagamos os R$60 da diária, e seguimos. A missão agora era outra, encontrar um posto com boa relação custo x benefício para encher o tanque. Imaginei que Macaé (RJ) fosse a melhor opção, já que lá está sediada uma enorme refinaria da Petrobrás, mas me enganei redondamente...Macaé sofre do mal de toda cidade que vive de royalties do petróleo: grana sobrando, cidade mal cuidada. A ganância política faz estragos grandes aqui. Não no centro da cidade, que é vivo e interessante, mas no seu entorno, na perifa. Fora que o custo de vida lá é muito alto. Eu e Iara rodamos a cidade inteira atrás de um posto onde a gasolina fosse menos de R$2,76, mas não encontramos, um absurdo! Ironia da vida, cidade onde a Petrobrás tem sede, a gasolina é um assalto.
Abastecemos e seguimos. Uma placa me chamou a atenção: “Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba”. Pedi a Iara que entrasse. A estrada que dá acesso ao parque é de terra, e é acesso também para um bairro, na divisa com o parque nacional. A guarita na entrada está destruída, entra quem quer. Eu quis, e seguimos até onde deu, uma lagoa cor negra chamada Jurubatiba. Linda. Depois das dunas, o mar. Lindo também. Fiquei decepcionado é com o estado do parque, largado, abandonado. Ainda volto pra caminhar ali. Tocamos de volta á estrada.
Estrada adentro, a mesma cena na BR 101: gente louca querendo ultrapassar a qualquer custo. Para quê?
O sol rachando mamona, e já dentro dos limites do município de Campos (RJ), resolvemos fazer uma parada. São 13h, e o sol arde como numa fornalha. A BR 101 está muito bem conservada, talvez o único problema seja mesmo o fato de ser mão dupla; o calor que enfrentamos hoje foi o grande adversário, fiquei desgastado ao volante, Iara já vinha tocando no trecho anterior, e não havia outra coisa a fazer senão encarar a estrada embaixo daquele Sol...
Fizemos diversas paradas, uma que vale destaque: um lugar chamado Natureza´s, à beira da BR 101 em Mimoso do Sul (ES). Sucos, pães artesanais, tudo muito natural. Foi bom parar ali. Adiante 60 km, e chegamos em Marataízes (ES).
Marataízes é uma cidade estranha, de cara bastante feia. As praias tem uma estreita faixa de areia, quando tem areia. Ficamos hospedados numa pousada chamada Vista Oceânica (Av. Beira Mar, 702 tel: 28 3532 4268), simples mas muito boa. Preço honesto de R$60. Fomos recepcionados pela Dna. Elma, muito simpática. Mas o centro não tem nenhuma atração, tirando a Igreja de Nsa. Sra. da Penha, bonita. Comemos numa padoca e nos rendemos ao cansaço e à falta de opções na cidade.

Igreja Nsa. Sra. da Penha, em Marataízes (ES)
A praia de Marataízes: feia e sem nenhum atrativo
Lagoa Jurubatiba, dentro do Parque Nacional da Restinga da Jurubatiba
Marataízes – Conceição da Barra (5/9)

8h da manhã, e já levantamos. Marataízes não agradou mesmo. Tomamos café, pagamos a simpática dona da pousada, e seguimos.
Decidimos sair um pouco da BR 101: é muito motorista imprudente, e o estresse que causa ao volante, eu tô fora...estudando o mapa, decidimos seguir pela ES 060, chamada Rodovia do Sol, uma estrada duplicada que segue pela costa. Tem pedágio, mas também muito mais segurança e tranquilidade.
Além de boa, a estrada passa por um litoral belíssimo: Iriri (ES), Anchieta (ES), Meaípe (ES). Em Anchieta, na foz do rio Benevente, a paisagem é muito bonita, com barcos, garças...a cidade é histórica, ali o padre José de Anchieta escreveu os seus famosos versos. Seguindo, passamos pelo porto de Meaípe, numa vista panorâmica estupenda.
Rodovia do Sol adentro, pedágio pago, chegamos em Vila Velha (ES), cidade-irmã de Vitória (ES). Em Vila Velha se pode ver o convento de Nsa. Sra. da Penha, de 1558, no alto de um morro belíssimo; a monumental engenharia da 3ª Ponte, depois Vitória...sempre que venho aqui, me impressiono com a paisagem.
Resolvemos abastecer em Vitória. Com o preço na estrada alto, e aqui mais barato (pagamos R$2,59), decidimos completar o tanque e evitar gastarmos demasiadamente. Em Nova Almeida (ES), escolhemos parar em um restaurante chamado Ninho da Roxinha, com uma vista linda da enseada, e preços um pouco proibitivos...acabamos encontrando uma moqueca muito boa por um preço honesto.
Na volta á estrada, seguimos margeando a costa: Santa Cruz, Coqueiral, localidades que vão ficando para trás a medida que avançamos. Em determinado momento, a estrada se vira para o interior, e entramos nos domínios da Aracruz S.A., empresa de celulose gigantesca, que “criou” uma cidade com o mesmo nome. Enormes áreas de terras cobertas por eucaliptos, e seguindo em frente, a fábrica: o que se vê não agrada, e o cheiro é de produtos químicos. Terrível.
Ao final dessa estrada, que passa a se designar como ES 010, caímos na BR 101 novamente. O mesmo tráfego de sempre. Cruzamos o rio Doce na região de Linhares (ES), e rasgamos a 101 em direção á São Mateus (ES), onde chegamos ás 17h30, já quase escuro. Decidimos então seguir até Conceição da Barra (ES), que era o nosso destino mesmo.
Lá chegamos ás 18h20, onde paramos no centro. Abri uma cerveja e logo estávamos papeando com um mineiro chamado Josué, contador de causos. Duas brejas, e seguimos atrás de um lugar para dormir. Acabamos ficando na Pousada do Sol (Av. Atlântica, 226), muito boa, na praia de Guaxindiba.Vale lembrar que no primeiro quarto que pegamos, tinha uma barata enorme, que obrigou o dono da pousada nos dar um quarto muito melhor pelo mesmo preço (R$50). Valeu, dona barata!
Pra fechar a noite, fomos a um bar chamado Um Butikin e um Violão tomar umas e comer alguma coisa. Tava animado e agitado. Nessa noite tivemos nossa primeira discussão na viagem.

Dica: Antes de Conceição da Barra, existe uma cidade chamada São Mateus, maior e mais estruturada que Conceição. Mas a hospedagem em Conceição era mais barata que em São Mateus. Por isso, prefira ficar mesmo em Conceição da Barra, que é o lugar mais próximo a Itaúnas (ES). Eu fui na baixa temporada, mas na alta as vagas ficam escassas, e os preços disparam.

A belíssima cidade de Anchieta (ES) 
Iriri (ES), outro achado no caminho
Vista do alto de um morro em Nova Almeida (ES), onde fica o restaurante Ninho da Roxinha
Um dos melhores restaurantes da viagem: Ninho da Roxinha, em Nova Almeida (ES) 
Conceição da Barra – 2º dia (6/9)

8h em pé, tomando o café da manhã: esse ânimo todo era resultado do céu azulzinho e do Sol que já iluminava Guaxindiba. A Pousada do Sol fica bem em frente á praia, coisa de 10m caminhando...era aqui mesmo que a gente ia ficar hoje.
Iara logo se jogou na areia, eu botei minha mochila nas costas e saí caminhando. Segui pela faixa de areia, observando famílias que brincavam, crianças, cães...todo mundo tem cachorro aqui, e metade leva eles para dar um rolê na areia da praia.
A orla de Conceição, em boa parte, apresenta molhes de pedras bem grandes, claramente usadas ali como “escudos” contra as ondas. Caminhando pude ver que várias casas a beira mar já foram destruídas pela força das ondas, que aqui quebram forte mesmo. Cheguei até onde pude, a Praia da Bugia, onde se encontra um farol de 1914. Interessante.
Voltei pela praia, o mesmo cenário de antes. Um dos inúmeros cachorros na praia correu atrás de mim, filho da puta...
Guaxindiba é uma praia estranha, amarronzada pela areia em suspensão. O vento nordeste batendo forte sempre; a ondulação é razoável, o Guia Quatro Rodas diz que a praia é boa pro surfe, mas não vi nenhum surfista aqui.
Fiquei um pouco na areia, depois banho de mar. Sol a pino, resolvemos ir pra piscina da pousada. Lá ficamos, tomando umas e outras, e papeando com um casal capixaba, bom papo. Fiquei breaco e subi para um banho, mas nem tive forças: dormi depois da chuveirada. Iara também. Acordamos com uma fome monstro!
Matamos a danada com um suculento bife á cavalo, dois bifões com ovos fritos, show de bola. O resto da noite foi so preguiça, tv, uma voltinha na cidade...amanhã, Itaúnas (ES).

Dicas: O restaurante Terra e Mar serve umas refeições muito boas a um preço bacana. Se quiser um PF esperto, o melhor mesmo é o Um Butikin, onde sempre rola uma música ao vivo e um breja gelada no ponto.

Entrada do Parque Estadual de Itaúnas (ES)
As dunas de Itaúnas e a praia ao fundo
Essa pousada foi um verdadeiro achado: barata, muito boa e confortável. Pousada do Sol!
Um antigo farol, ainda em uso, em Itaúnas
Conceição da Barra – 3º dia (7/9)

Viva, Dia da Independência! Sem festejos, sem fogos, sem nada. Só me lembrei porque a Globo deu um flash de uma parada militar no Rio.
Tomamos café, e seguimos para Itaúnas, a famosa localidade a 25 km de Conceição. Pegamos a estrada, e cinco km depois, entramos na estrada de terra que nos leva até a vila. Itaúnas é uma vila que fica ao lado do P.E. Itaúnas, que na real é o lugar que todo mundo quer visitar. É uma vila muito estruturada, com pousadas, bares, serviços...logo se percebe que no verão o lugar bomba.
Da vila se cruza o Rio Itaúnas, e logo avistamos as dunas que caracterizam o parque: brancas, areia fina, e o mar ao fundo. Puta cenário. Caminhamos em direção a praia, e eu escolhi uma das “barracas” para usar como base, já que eu não tava afim de sol hoje. Escolhi a Barraca da Tartaruga, e logo negociei com o dono um guarda-sol, claro, em troca de três cervejas em lata...coisas do comércio turístico.
Iara na areia, tratei de curtir. Entrava no mar, voltava...foi quando reconheci um cara: Davide, um italiano que eu tinha conhecido em Cumbica! Esse mundo é pequeno demais.
Lá pelas 14h30, bateu a vontade de ir embora. Valeu, Itaúnas, qualquer dia eu volto.
Voltamos para a pousada, tomamos um banho e fui dar uma dormidinha: eu estava bem cansado, nadei muito contra a forte correnteza e queria descansar. Iara idem. E assim foi.
Acordamos, eu fui rever os planos de viagem, ficamos na pousada até umas 21h, então saímos para jantar: um big filé de frango com arroz à grega no restaurante Terra e Mar, show de bola, serviu nós dois muito bem por R$25.
Amanhã, seguimos viagem para Bahia.

Dicas: Itaúnas! Esse é um lugar que todo viajante tem que conhecer. Dunas branquinhas, uma praia legal, gente bonita...o problema lá é que você vai ser sempre um turista, e os locais vão querer te arrancar uma grana a qualquer custo...a ideia mesmo é ficar em Conceição da Barra, fazer a base lá. E não se esqueça de tomar um banho de rio, é bom demais.

Patrimônio cultural, e muito simpática!

Muitas dunas em Itaúnas!
Olhando da praia para as dunas
Conceição da Barra – Prado (8/9)

De pé desde as 7h, e saindo da pousada ás 8h30: fizemos como havíamos combinado na noite anterior. Realmente a pousada da Dona Maria foi um achado. Pagamos, nos despedimos e seguimos viagem.
A BR 101 depois da divisa ES/BA fica horrível, no que toca ao estado do asfalto: buracos, falta de acostamento, uma paisagem feia de morros vermelhos pelados...estranho.
Na região de Mucuri (BA), paramos para abastecer num posto BR e aproveitar o preço da gasolina: R$2,67. Parece ser a média por aqui, apesar de eu ter visto um posto por R$2,59. Mas é impossível saber a qualidade. Na dúvida, só posto BR.
Na altura de Teixeira de Freitas (BA), saímos da BR 101 e pegamos a BA 290 em direção a Alcobaça (BA). São cerca de 60 km até lá, e então você decide: á direita, Caravelas (BA), à esquerda, Prado (BA). Pegamos à esquerda, para o Prado. 20 km a frente, cruzamos o rio Jurucuçu, e chegamos na cidade do Prado.
Eu tinha três endereços, todos de camping. Sinceramente, pelo preço cobrado não valia a pena, ainda mais se tratando de baixa temporada. Começamos a caçar pousada: todas caras, R$60, R$70...rodamos até achar uma pousada chamada Casa Branca (R. Clarício Cardoso, 40 tel.: 73 3298 1399), ao lado da rodoviária. Preço: R$45. Foi nessa mesmo.
Almoçamos um PF por 7 reais. A curiosidade é que o PF é você mesmo quem faz, desde que coloque só dois tipos de carnes (!). Foi bom demais, o restaurante se chama Ciclone.
Já eram 14h30, e resolvemos visitar a praia do Centro. Poucas barracas abertas, a baixa temporada aqui obriga quase todos a baixarem as portas. Ficamos numa barraca chamada Gil Mineiro, pessoal do bem. A praia dispensa comentários, é belíssima. Tentei caminhar um pouco, até a foz do rio Jucuruçu, mas a maré começou a subir, e eu desisti, ficou tarde.
Saímos da praia e fomos andar pela cidade: Matriz, Beco das Garrafas, Praça Redonda...essa parte é aquela que ferve com turistada no verão. É bem ajeitadinha. Passamos no mercado, compramos algumas coisas para abastecer o frigobar, e voltamos para a pousada.
A noite caiu, e voltamos para o Beco das Garrafas, na esperança de encontrar alguma coisa aberta: nada. Voltamos nossa atenção então para a Praça de Alimentação. Não, não é nenhum shopping no Prado, é um monte de barracas numa praça, que vendem lanches e refeições. Tudo bem arrumado. Achamos uma barraca que vendia açaí, e foi lá mesmo que matamos uma tigela de 400 ml com banana e granola.
Satisfeitos, voltamos para a pousada. Amanhã, Alcobaça e Caravelas.

Dicas: Prado é uma cidade pequena, mas muito legal. E a galera lá é muito simpática. Na praia do Centro, tem várias barracas bem estruturadas, e todo mundo te trata na boa, sem te tirar de “turista”. No Beco das Garrafas, os restaurantes são bons, mas um pouco mais caros também, mas nada absurdo. Caso você queira ficar na Pousada Casa Branca, não deixe de bater um papo com o proprietário, seu Tito: o cara é gente boa, e tem várias histórias, algumas de arrepiar...

Prado (BA), uma cidadezinha realmente espetacular

Local onde os bares e restaurantes se concentram, em Prado

Admirando o mar
Prado – 2º dia (9/9)

Não dormi muito bem, talvez por causa do colchão, não sei.
8h30 estávamos de pé, na mesa do café: sucos, pães, frutas e a companhia do seu Tito, dono da pousada. Ele faz um misto de filosofia com reclamação, solta umas pérolas, e logo em seguida uma reclamação. É engraçado.
Seguimos para Alcobaça, e rolou uma decepção grande, a cidade não agradou. Tem um farol lá de mais ou menos 80 anos, bem legal; de resto, mais do mesmo, e gente pedindo dinheiro. Chato. Seguimos para Caravelas.
Na entrada de Caravelas, uma escultura que faz alusão às caravelas portuguesas que ali chegaram um dia. De cara eu gostei de lá. Fomos até o centro histórico, muito bonito, com a matriz e o casario, e ao fundo, o rio Caravelas, bonito, largo, e do outro lado, o mangue intacto. Puta cenário!
Na cidade mesmo não tem praia, então seguimos em frente, buscando o mar: nos dirigimos para a praia de Iemanjá. Só que para chegar lá, 11 km de estradinha de terra, uma das mais isoladas que eu já percorri, além de irregular e com bolsões de areia, um risco de ficar atolado. Depois de andar bastante (e devagar), chegamos em Iemanjá: bonita, enorme, um mar gigante, e nenhuma alma viva!!Ficamos ali vinte minutos, começou a me bater uma tristeza, solidão...próxima praia: Ponta da Baleia. Seguimos até onde deu, mas a areia fofa nos impediu, e atolamos. Baita sufoco, areia fofa + calor + isolamento...De repente, pintou um jipe amarelo na estradinha, e o cara ao volante desceu pra me ajudar a empurrar e desatolar o Corsa. Desistimos da Ponta da Baleia e tocamos para Caravelas de novo. Só que a vida reserva surpresas, e a boa desse dia foi a praia de Grauçá: vila de pescadores, boca do rio Caravelas, jeitosa e com um bar/restaurante providencial. Acabamos almoçando ali mesmo, no restaurante Tio Berlindo, atendimento atencioso. E o PF? Por R$8, um prato monstro com três pescadas brancas enormes, arroz, feijão, salada e farofa! Voltamos para o Prado, direto para a praia do Centro. Ficamos ali até o sol se pôr. Voltei para a pousada, Iara foi comprar algumas coisas. Nesse meio tempo, fiquei conversando com o seu Tito. Foi um papo interessante, onde ele me contou dos seus tempos na terraplanagem de estradas, incluindo a própria BR 101. Histórias macabras, como a do soterramento de 35 operários da divisa do Maranhão, onde o engenheiro-chefe ordenou que se jogasse mais terra por cima, afim de “apagar” as evidências...enfim, histórias da década de 70.
Á noite, de novo na Praça de Alimentação, um açaizinho para rebater, e minha noite em Prado chegou ao fim. Essa é uma cidade que me marcou bastante. Volto aqui um dia. Amanhã, Ilhéus (BA).

Dicas: Várias...primeiro, Alcobaça é mesmo estranha, mesmo que você goste dos prédios históricos (e tem vários), vai se encher com a molecada, a mulherada e os velhinhos pedindo dinheiro. Fuja! Caravelas, ao contrário, encanta de cara. Quer ver baleias jubarte?Lá é o lugar. Quer ver mangue intacto? Caravelas...as praias de Caravelas ficam bem distante, e o acesso é bem difícil em alguns momentos. Grauçá é o meio termo, Ponta da Baleia o extremo. Se quiser ir lá, se prepare, e vá com um carro alto. O melhor PF da minha vida foi lá em Grauçá.

Os casarios de Caravelas (BA) são sensacionais e muito bem conservados
O largo Rio Caravelas
Mais um exemplo de casario excepcional
Praia de Iemanjá
Prado –Valença (10/9)

Hoje nós só ficamos na estrada, praticamente.
Saímos do Prado ás 8h20, depois do café. Nos despedimos do seu Tito e seguimos rumo a BR 101. Eu comecei tocando até a 101, tudo tranquilo pela BA 489. A paisagem é de campos, e passamos nos fundos do Parque Nacional do Descobrimento, mas dessa vez não pude entrar, infelizmente.
Entramos na BR 101 na cidade de Itamaraju (BA), um lixo de cidade que não tem uma placa sequer, o que me levou a cometer um engano de navegação: peguei a BR 101 no sentido sul, em direção ao ES. Andamos quase 30 km até eu notar o erro, meia-volta, e acelerei para compensar o vacilo.
O trecho entre Itamaraju e Eunápolis (BA) é muito pesado, no que tange ao tráfego: caminhões, treminhões levando cana, carros...fora que o asfalto está em péssimo estado. Foi bem cansativo dirigir nessas condições.
Quando chegamos em Eunápolis, resolvemos abastecer e descansar um pouco. Gasolina cara, R$2,84, mas era necessário. Aproveitamos e fizemos um lanche. A partir dali, Iara assumiu o volante. Coincidentemente, dali para frente o asfalto melhorou muito, assim como o tráfego deu uma diminuída grande.
Passando Eunápolis, entramos na região de produção cacaueira, que vai até depois de Itabuna (BA). Cruzamos o rio Jequitinhonha, e também diversas fazendas antigas de cacau.
Na altura de Travessão, distrito de Camamu (BA), saímos da BR 101 á direita, em direção a Camamu e Valença (BA). A estrada é sinuosa, mas a paisagem vale muito a pena, mata atlântica exuberante: estamos na península do Maraú. No caminho até Valença, várias cidadezinhas: Ituberá, Taperoá, Nilo Peçanha...a noite já ameaçava cair, e a gente rodando, nada de Valença. O cansaço pegou a gente.
Chegamos á Valença, finalmente. Logo fomos procurar hospedagem. Nos dois primeiros, tudo lotado. Conseguimos um quarto por R$100 no hotel Onda Azul, caro demais para o nosso padrão estipulado, mas a única opção. O desespero é o pai das imprudências, e o cansaço não deixou a gente pensar muito.
Banho, roupa limpa, faltava arranjar um restaurante. Fomos ao Mega Chic, um self-service bacaninha. Satisfeitos, saímos pela cidade. A cidade é cortada pelo rio Acaraí, de onde saem barcos para Morro de São Paulo (BA) e a Ilha de Boipeva. Gostei do clima daqui, tem uma energia legal. Prédios antigos, alguns decadentes, outros lindos. Os barcos ancorados no rio dão um toque de charme ao local.
No meio do rolê, começou a chuviscar. Foi a senha para nós voltarmos ao hotel. Amanhã vamos cruzar a Baía de Todos os Santos de balsa, a partir de Itaparica (BA), como havia me sugerido numa conversa o seu Tito, lá do Prado.

Dicas: Essa é uma região que vale gastar um tempo maior para conhecer. Morro de São Paulo, Cairú, Boipeva...uma pena que só passei uma noite lá, a cidade é bem legal.

Nas terras baianas, da BR 101 é possível ver algumas belas formações. Esta fica no Parque Nacional Pau Brasil
Rio Jequitinhonha, que vem lá de Minas Gerais e desagua no litoral baiano
Cidade de Valença, muito bonita e interessante!
Pracinha de Valença. Gostei da cidade!
Valença – Sítio do Conde (11/9)

Hoje foi mais um dia em que passamos uma boa parte do tempo na estrada. Mas ao contrário de ontem, hoje foi bem menos cansativo, e mais produtivo.
Saímos de Valença por volta das 9h. Posso dizer que o hotel Onda Azul é muito bom, apesar do preço ter saído bastante da média por nós estipulada. Seguimos em frente, depois de termos parado num quiosque de infos turísticas, para pegarmos um mapa. Ali fiquei sabendo que até Bom Despacho (o local de onde os ferry boats partem para Salvador) levaria uma hora e meia; também ficamos sabendo do horário de partida do próximo ferry: 11h15.
O asfalto da BA 001 até a ilha de Itaparica é um pouco ruim, com bastante buracos. Mas por volta das 10h20, chegamos ao porto de Bom Despacho. Pagamos os R$27,60 do carro, mais R$3,35 de um passageiro. Total: R$30,95. Numa travessia estimada em 50 minutos. Ficamos na fila, esperando, e a Iara resolveu ir ao banheiro. Nesse exato momento, a fila começou a andar, os carros sendo guardados no ferry...estacionei dentro do ferry e saí correndo pra buscar Iara, gritando...foi hilário.
A travessia é feita com muita tranquilidade. O ferry é equipado com duas TV´s, onde o povo que não quer ver a Baía de Todos os Santos fica lá, vendo desenho animado na Globo...eu creio que se estivesse um dia de Sol mais radiante, a visão teria sido muito melhor do que já foi, mas mesmo assim foi fantástico. O skyline de Salvador, já de longe, nos permite ver vários prédios antigos inúmeras igrejas (dizem que aqui tem uma para cada dia do ano). É definitivamente muito bonito.
Descemos do ferry, e decidimos visitar o Mercado Modelo. Encontrá-lo levou quase uma hora, ninguém sabia explicar direito, e quando a gente encontrou, achar uma vaga que não tivesse um flanelinha foi duro. O diálogo a seguir se deu com um frentista de um posto BR, ao lado do Mercado Modelo:
- Oi, bom dia! Você sabe onde a gente pode encontrar uma vaga para estacionar?
- Olhe, vaga não tem, mas se você me der um agradinho ($$), eu arrumo uma vaga agora!
Dito e feito, arrumamos uma vaga por um agrado de R$2,50. Saiu barato...em Salvador, as coisas funcionam bem quando rola um “agrado”.
Visitamos a Igreja de Nsa. Sra. Conceição, belíssima, mas um pouco mal cuidada. Seguimos então para o Mercado Modelo. O local é um mercado municipal que vende artesanato e comidinhas, muito frequentado por turistas e baianos em geral. O clima é um misto de barganha, malandragem, diversão e prazer. A arquitetura é muito bonita, e a todo momento somos abordados por algum vendedor, te oferecendo qualquer coisa, tipo relógios, colares, etc. Mas é possível fazer bons negócios lá.
Acabei comendo um peixe-agulha e tomando um caldinho de sururu; logo depois dividimos uma casquinha de siri, que aqui se chama siri cascão, que eu fui entender quando o prato pousou no balcão: era enorme!
Voltamos ao posto, aquele do agrado. Aproveitamos o preço da gasolina (R$2,65) e completamos o tanque. Estávamos a caminho da Linha Verde (BA 099). Só para não passar em branco: Salvador tem uma das orlas mais bonitas que eu já vi.
Seguimos pela Linha Verde, e o nosso destino era Praia do Forte (BA), mas decidimos ganhar mais kms e seguir até Conde (BA), ou quem sabe Sítio do Conde (BA). De lá até a divisa com SE, cerca de 36 km. Bem perto.
Pegamos um pouco de chuva no caminho, chuva rápida e fina, mas um sinal do que pode vir.
Chegando ao Conde, procuramos um hotel. Não achamos, só tinha uma pensão da Dona Docinho. Sem condições. O negócio foi irmos para Sítio do Conde, onde tem mais pousadas e hotéis. Foi aí que encontramos a Pousada Bem Viver (Av. Beira Mar, 25 tel.: 75 3449 1086), por um bom preço (R$50), e um quarto bem equipado. Ainda tivemos tempo de ir a um boteco ao lado, tomar umas caipirinhas e comer uma porção de fritas.
Amanhã, Aracaju (SE).

Dicas: Salvador é uma das cidades mais interessantes que eu já passei, e olha que fiquei poucas horas lá. Mas acostume-se, se você não é de lá, é turista, e se torna o “alvo” da vez, todo mundo vai querer tirar um dinheirinho de você . Pegando a Linha Verde, você paga um pedágio de R$4,60, mas a estrada é sempre boa. Ao longo dessa estrada, há várias praias interessantes. Sítio do Conde é bem pequena e tranquila, não espere muita infra, mas vale a pena.

Vista da Baía de Todos os Santos

Igreja Nossa Senhora da Conceição, cidade baixa, Salvador
Mercado Modelo, na cidade baixa, Salvador
Praia de Sítio do Conde
A simpática Pousada Bem Viver, em Sítio do Conde
Sítio do Conde – Aracaju (12/9)

De pé às 7h, depois de uma noite bem dormida. Depois do café, aproveitamos para fazer fotos da praia, que a gente não tinha conseguido ver ontem á noite. A praia tem uma linha de arrecifes, que não permite que as ondas quebrem na areia. É bonita, mas talvez um pouco perigosa para banhos.
Nos despedimos de Gil, o simpático atendente da pousada, e tocamos em direção á BA 099. Antes, obrigatoriamente, passamos por dentro da cidade do Conde: a cidadezinha é muito simpática mesmo.
De volta a BA 099, a famosa Linha Verde. Ela segue assim até a divisa com SE, mas informalmente vai com outro nome até a cidade de Estância (SE), onde se entronca com a BR 101 de novo. E a BR 101 é aquela loucura de sempre...a grande sacada foi que ontem adiantamos muito o local de parada, e hoje só nos resta 160 km até Aracaju. Barbada!
No caminho até Aracaju, uma placa: São Cristóvão (SE). É uma cidade antiga, com vários prédios centenários. Resolvi visitar. Saímos da BR 101, e andamos 8 km até São Cristóvão. A chegada na cidade me causou uma certa frustração, afinal o aspecto não é dos melhores. O casario secular (imagino que seja do séc. XVII) está bem detonado, e eu imagino que algum tonto que compre um pacote turístico afim de ver uma atração bacana, se sinta enganado com o que encontra lá. O bom é que em todo prédio histórico tem uma placa informando que estão em reforma...uma esperança de dias melhores, pelo menos.
Seguimos para Aracaju por uma rodovia vicinal, não retornamos pela BR. Pegamos uma estrada chamada João Bebe Água, horrível. Mas foram só 19 km até Aracaju. Bom, isso foi em tese, porque acabamos pegando um desvio errado, e fomos em direção ao centro. Levamos um tempo até chegarmos á praia de Atalaia.
Chegando lá fomos logo buscar uma hospedagem. Depois de procurar um pouco, achamos uma bem em conta, chamada Relicário (Av. Santos Dumont, 622 tel.: 79 3243 1584), na avenida da orla mesmo. R$40 por um quarto com tv a cabo, bacana. Saiu barato.
Fomos dar um rolê. A praia da Atalaia tem uma faixa enorme de areia, mas muita sujeira; os donos de barraca te tratam como turista, ou seja, estamos ali para sermos enganados; e o povo ali, pelo menos naquele pedaço, era esquisito...não foi muito legal.
Resolvemos caminhar pela orla, aliás muito bonita e equipada. Eu peguei um mapa na CIT (Central de Informação) de Atalaia, e fomos ver o Oceanário, que é a base do Projeto Tamar na cidade. Foi muito legal, valeu e muito os R$6 de entrada. Vários tanques e aquários com exemplares da fauna marinha local e, é claro, as tartarugas. Show!
Mais á frente, encontramos o Centro de Arte e Cultura, local onde rola uma feirinha de artesanato. Iara entrou, eu fui ver o mar.
Voltamos para a pousada, tomamos um banho e descansamos um pouco. Mas logo nos animamos para andar na Passarela do Caranguejo, a alameda que reúne os bares e restaurantes na orla de Atalaia: gente bonita, animação, forró...entramos num restaurante-forró chamado Cariri, um lugar muito legal, animado, boa comida e atendimento espetacular. Comemos e bebemos bem, animados ao som de uma banda de forró. Ficamos papeando, mas o cansaço desses dias de viagem bateu forte, e fomos dormir. Esses dois dias em Aracaju vieram a calhar, já não aguento mais andar de carro.

Dicas: Aracaju é uma das capitais nordestinas mais baratas que eu já fui. Você se diverte, come e bebe gastando muito pouco. O artesanato é bacana, e a galera muito simpática. A base do Projeto Tamar merece ser visitada, é um espetáculo. Na Passarela do Caranguejo você encontra os bares e restaurantes, mas se você caminhar em direção ao Centro de Arte e Cultura, também consegue encontrar boas opções mais baratas. O restaurante Cariri é um caso a parte, mesmo um pouco caro, vale cada centavo. Pra você ter uma ideia, pra refrescar a clientela, de vez em quando eles borrifam do teto um pouco de água, num sistema bem interessante...Sobre a cidade de São Cristóvão, me disseram que há uma outra cidade com o mesmo tipo de casario, mas muito mais conservado: Laranjeiras (SE). Não visitei, mas fica também a cerca de 20 km de 
Aracaju.

Rio Real: este vai terminar lá em Mangue Seco

Praça central de São Cristóvão
Eu e os casarios peculiares de São Cristóvão
Mais uma de São Cristóvão. A cidade é muito histórica
Praia de Atalaia, Aracaju. Uma das melhores capitais nordestinas
Passarela do Caranguejo: local onde se concentram os bares e restaurante na orla de Atalaia
 Aracaju – 2º dia (13/9)

Hoje é sábado, e a praia promete animação.
Decidimos ficar na praia em frente ao Centro de Arte e Cultura, que tem uma faixa de areia menos larga e mais limpa. Iara se estendeu na areia, preferi ficar na sombra, tomando uma cerveja e alguns caldinhos de camarão e sururu. Essa é uma opção barata e ótima de se alimentar, sem falar que é uma delícia.
O dia passou rápido na praia. Notas rápidas: a fixação da galera local (e no Nordeste em geral) por som alto beira o absurdo. Estamos em época eleitoral, e eu não me lembro de nenhuma cidade que não tivesse carros ou caminhões com equipamento de som monstro fazendo propaganda política. Chega a irritar, imagino como devem ficar os moradores dessas cidades...O mesmo acontece na praia: o cara chega, encosta o carro, abre o porta-malas e bota axé, bombando no volume 100...foda!
Resolvemos comer caranguejo. Puta trabalho que dá, mas vale a pena, é gostoso. Voltamos á praia para finalizar o dia, e decidimos ir para a pousada.
À noite, saímos para comer um prato executivo, e achamos uma boa refeição por R$15. Coisas da baixa temporada. Nota: é sábado, e parece que todos os candidatos resolveram fazer carreata com trio elétrico hoje...mother fuckers!
Bateu o cansaço. Amanhã, Canindé de São Francisco (SE) e os cânions do Velho Chico.

Dicas: Aracaju é mesmo a capital do caldinho, tem caldinho de tudo: camarão, peixe, sururu, caruru. Aproveite! É baratinho.



Curtindo um merecido descanso na praia de Atalaia
Restaurante Cariri, onde passamos uma noite muito boa ontem
Pousada Relicário: boa e barata
Aracaju – Canindé do São Francisco (14/9)

Hoje acordei preguiçoso. Com algum custo, levantei e tomei banho.
Fomos tomar café no mesmo espírito preguiçoso, quase não querendo ir...mas fomos. Pagamos o hotel, colocamos as coisas no carro e seguimos em direção a BR 101. A 101 é aquela coisa de sempre, muito trânsito, asfalto bom. Na entrada para Siriri (SE), pegamos a SE 206 para Canindé.
Essa estrada tem trechos razoáveis, mas a maior parte do trajeto é horrível, verdadeiras peneiras, buracos medonhos, horror, horror...alguns trechos não davam para ir além dos 40 km/h, e isso faz com que os 200 km que separam Aracajú de Canindé sejam vencidos em no mínimo 3 horas, um absurdo...e não há outro caminho.
Chegamos em Canindé por volta das 13h30, Sol a pino, sertão brabo. Fomos procurar hospedagem, acabamos encontrando o Hotel Canindé, na entrada da cidade , ao lado de um posto de gasolina BR: quarto para casal a R$ 35, num apê muito confortável. Fomos nos informar sobre as partidas de escuna para os cânions de Xingó. Foi um pouco complicado achar o famoso restaurante Karranca´s, de onde partem as escunas e catamarãs para visitar os cânions, mas perguntando para os bombeiros que ficam ali na margem do rio, ficou fácil. Os bombeiros ficam ali para garantir a segurança dos banhistas, que utilizam as margens como balneário. As margens se tornam uma verdadeira farofada, com cinco ou seis carros e seus inevitáveis porta-malas abertos, som no último, e os pingaiadas se divertindo. É curioso.
Quando chegamos ao Karranca´s, faltavam 20 minutos para sair o último catamarã para os cânions. Quase não pude embarcar por causa da Iara, que alegava não estar de biquini (!!). A questão foi logo resolvida, e embarcamos: R$40 muito bem investidos.
O passeio começa no reservatório formado atrás da barragem do Xingó, na divisa SE/AL. É um lugar belíssimo, a pujança e força desse rio sempre povoou minha cabeça...finalmente estava ali. O catamarã partiu com 35 pessoas, o que é pouco mais de 10% da capacidade total. O barco era praticamente nosso! Seguimos cortando as águas verdes do Velho Chico, a tripulação do catamarã ia explicando pontos interessantes, a história do rio, curiosidades...por exemplo, a profundidade ali, média de 150 m; ou que os cânions foram invadidos pelas águas do lago represado do Velho Chico, não havia água ali antes de 1994. O serviço é ótimo mesmo.
Fizemos duas paradas: um para ver a imagem de São Francisco de Assis, que foi colocada numa das paredes do cânion, e a outra para a galera dar um mergulho no rio, água fresca num remanso do cânion. Esse é o “filé” do passeio, a hora que todo mundo esperava, inclusive eu!
Nadei muito, a água numa temperatura boa e com cheiro meio terroso, gostoso, e a cor esverdeada. Ficamos ali 30 minutos e voltamos para o Karranca´s, alvorada de um lado do rio, enquanto do outro subia a lua cheia mais linda que eu já vi.
Pegamos o carro, a noite caindo rápido, voltamos para Canindé no escuro. A fome tava forte, e procuramos um restaurante para matar a danada. Achamos o restaurante Cangaço, com o PF básico a R$6. Básico naquele esquema, come o que aguentar...Show de bola. Voltamos ao hotel para um banho merecido. Eu ainda me animei a ir para o centrinho de Canindé, enquanto Iara já se preparava para dormir. Dei uma volta, tomei uma breja, mas o cansaço me pegou. Amanhã saio de Canindé com um sentimento muito legal de ter realizado um sonho antigo, ver aqueles cânions. Agora vou em busca da foz do Velho Chico.

Dicas: Quando você chegar até a beira do Velho Chico, faça uma reverência, o rio precisa e merece. Para chegar até o Karranca´s, fica esperto, porque a estrada oficial tá bloqueada, caiu a ponte. Pergunte para alguém de lá, eles te ensinam o novo caminho, que começa um pouco antes da rotatória. Curta o passeio pelos cânions, não entra numas de tomar todas (como a maioria da turistada faz...) e não curtir a energia daquele lugar. É um lugar mítico. Se não quiser gastar uma grana a mais, coma em Canindé, ou em Piranhas (AL), que além de tudo é uma cidade bem interessante: Lampião e seu bando morreram na região.

Meu primeiro encontro com o Rio São Francisco
Lindo, verde, histórico
Já a bordo do catamarã, indo ver os cânions do São Francisco
Belos paredões, e o rio represado para gerar energia na usina de Xingó
Belíssimos paredões
Vista da proa do catamarã
Local de parada para um banho de rio
Fim do dia, e o sol se pondo...
Canindé do São Francisco – Maceió (15/9)

Tive uma noite mal dormida no hotel, por causa de um acontecimento meio insólito: tinha um grilo dentro do quarto, que ficou “cantando” a noite inteira. Procurei o danado, mas não encontrei, desconfio que ele estava dentro da porta do banheiro. Foi difícil conseguir engatar o sono.
Pegamos a estrada depois de tomar café, por volta das 8h20. Eu não ia colocar o carro na mesma estrada esburacada da vinda, a SE 206, então fui estudar os mapas. Achei uma rota alternativa, que sai exatamente um pouco antes de Monte Alegre do Sergipe (SE), em direção a Porto da Folha (SE). As informações eram que a estrada estava boa até Gararu (SE), depois dali se tornava uma incógnita...Resolvi arriscar e a aposta se mostrou certa: até Propriá (SE) a estrada estava boa, muitíssimo melhor do que a SE 206. Valeu a pena arriscar.
No caminho, situações: mega feira popular em Porto da Folha (parecia a 25 de Março); parada em Gararu, ás margens do Velho Chico, e um papo com um paulistano que se mudou pra lá, pra cuidar do sogro doente; parada rápida em Propriá, e fotos da divisa SE/AL. O caminho foi tranquilo, e logo cruzamos a ponte para Alagoas.
Voltamos para a BR 101, agora com uma “novidade” em termos de 101: buracos. Decidimos sair da 101 e pegar a esquerda, visitar Penedo (AL). Foi a segunda boa escolha do dia.
Penedo é uma cidade à beira-rio, com um cais importante, mas para embarcações pequenas. O casario desse cais já impressiona: séc. XVI, XVII, XVIII. Coisas mais modernas também, mescladas. É bonito. Começamos a caminhar, e literalmente cada passo revelava um cenário mais incrível que o outro! Fotografei muitos prédios, igrejas, conventos. E é claro, as paisagens da foz do rio São Francisco. Não é a toa que Penedo é chamada de a “Ouro Preto do Nordeste”, um daqueles títulos meio bobos de comparação, mas que faz jus à beleza do lugar.
Almoçamos num restaurante self-service ao lado de uma igreja, PF a R$7, incluindo uma ambrosia fantástica, que a dona do restaurante chamava de doce de leite. Pra quem não conhece, é um doce de leite que ao acrescentar suco de limão e batido no liquidificador, fica talhado.
Enquanto Iara ia resolver uns problemas de banco, eu fui caminhar. E fotografar. Acabei achando um forte, chamado da Rocheira, testemunha das invasões holandesas nessas terras. Hoje em dia tem um restaurante ali, bem agradável.
Por volta das 15h, seguimos viagem. As infos davam conta de que a estrada litorânea estava esburacada. Perguntando em um posto de gasolina, a info foi totalmente diferente! E agora, em quem confiar? Escolhemos pela costa. Foi a terceira boa escolha do dia.
Seguimos pela costa então, passando por uma interminável sequência de coqueirais, onde quase não se vê o mar, mas quando se vê, o azul é hipnotizante. Passamos por Coruripe (AL), Barra de São Miguel (AL) e a Praia do Francês (AL), todos pela AL 101, até chegarmos a Maceió (AL).
Maceió apresenta uma orla bem urbanizada, e o que vimos até então (ou seja, a praia de Pajuçara) foi uma quantidade gritante de hotéis, pousadas e restaurantes. Alguns bem caros. E pedintes, vários deles.
Saímos à caça de pousada. Foi meio complicado, mas acabamos encontrando uma com bom custo-benefício: por R$70, quarto completo, a Pousada Girassol tem um atendimento simpático. Descansamos um pouco e saímos para jantar. Entramos num rodízio de pizza, R$10,90 por cabeça, e deu pra comer na boa. Um rolê pela orla, e fomos para a pousada, dormir.

Rio São Francisco, na cidade de Gararu
Igreja em Propriá

Casario em Penedo

Penedo tem diversos exemplares de casario antigo

Para todo lado que se olhe, pérolas dos séculos XVI e XVII
Rio São Francisco, já quase perto da sua foz, em sua passagem por Penedo...

...e eu às margens do Velho Chico
Maceió – 2º dia (16/9)

Amanheceu, e a avenida em frente á pousada estava vazia, silenciosa. Estranho. Acordamos tarde, e por isso tivemos que ir procurar uma padaria, e achamos uma bem simples, só pra tomar um café e um pão de seda, típico de Alagoas. Fomos para a praia, e nos deparamos com uma multidão nas areias. Plena terça-feira, lotado daquele jeito? Ficamos sabendo depois que era feriado na cidade.
A situação em Maceió, na minha modesta visão, é a seguinte: a cidade é dividida entre os pobres e uma elite que adora ostentar. Hoje deu pra ver isso direitinho: na praia lotada, a invasão da favela, turmas de pingaiada e afins; no calçadão e na avenida, gente desfilando roupas de marca, relojões e carros zero. Em nenhum dos dois lados eu me senti á vontade. Antipatia geral.
Ficamos procurando uma “vaga” na areia, e acabamos encontrando. Aluguel das cadeiras e do guarda-sol, R$3. Isso aliás é a tônica do litoral alagoano: quando vêem que você é de fora, logo te pedem 10, 20, 50 centavos, ou estipulam logo um preço alto, tipo 10 reais. Surreal...Turismo predatório, onde a presa é o visitante!
Ficamos na areia, cercados de gente. Foi até engraçado. Digno de nota mesmo fica por conta do mar: verde, calmo, uma verdadeira piscina. Fascinante.
A bebedeira na areia corria solta, era questão de tempo até aquilo dar numa merda...meu instinto falou mais alto, e resolvemos sair da areia, caminhar. Sentamos num quiosque, pedi um suco. Iara voltou para a pousada. Eu fiquei mais um pouco, a tempo de ser abordado por um bêbado me pedindo dinheiro, e ver também um grupo de jovens, também bêbados, iniciar uma confusão. Quando eu ouvi “Ele tá armado!”, foi a deixa para eu sair dali imediatamente.
Voltei para a pousada. Eu, que sou “da rua”, me senti inseguro naquela muvuca. Do quarto onde estávamos eu avistava um ponto de ônibus do outro lado da avenida. Determinada hora, aquele povo todo que estava na praia se dirigiu para os pontos, a espera da condução para casa. O espetáculo eu deixo para a imaginação do meu caro leitor.
Caiu a noite, e nós precisávamos comprar algumas coisas no mercado. Uma caixa de mercado mal humorada me fez sentir raiva da “hospitalidade alagoana” escrita em alguma placa na estrada...e essa raiva só piorou na hora de comer alguma coisa numa esfiharia, e constatar que o alagoano médio de Maceió gosta mesmo é de botar uma banca, ostentando carro zero e roupinha de marca. Triste.
Conversei com Iara, que concordou de imediato: amanhã vamos embora. Maceió decepcionou, não pelas praias, mas pela gente que vive nela.

Dicas: Nunca, mas nunca mesmo, vá a Maceió num dia de feriado!

Rio São Miguel, divisa com Alagoas

Comendo um camarãozinho em Maceió, em um dia bem confuso e muvucado
Pessoal curtindo a praia
Visualmente, as praias são bem bonitas em Maceió
Maceió – Maragogi (17/9)

134 km. É o que separam Maceió de Maragogi (AL). No caminho, várias praias e promessas de belos cenários.
Saímos no nosso horário habitual, entre 8h30 e 9h. O pessoal da Pousada do Girassol foi gente boa. Bom, pelo menos alguém simpático por aqui, né...Paramos num posto BR e completamos o tanque para seguir viagem. O preço da gasolina não foi dos melhores, R$2,79 ; mas não teve jeito, já que a gasosa tava na reserva. O bom é que Porto de Galinhas (PE) fica a 220 km, mais ou menos, o que quer dizer que reabastecer, só no caminho de volta. Menos mal!
O caminho para Maragogi é quase todo pela costa, exceção feita por uma parte que pega um pouco dos canaviais, mais para dentro do sertão. E canavial aqui tem de tonelada, cobrindo os morros e planícies; e onde tem canavial, tem sempre uma usina: vimos pelo menos quatro.
Antes de chegarmos a Maragogi, paramos numa praia chamada Japaratinga (AL), onde a maré estava baixa e descortinou vários arrecifes, e ao longe, vários barquinhos pintavam o mar com os seus cascos coloridos.
Seguimos em frente, já imaginando o que encontraríamos em Maragogi. Chegamos. A cidadezinha é muito simpática, e o mar belíssimo. Procuramos um lugar para ficar, e decidimos gastar uma grana a mais dessa vez: ficamos na Shalon Beach (R. Manoel dos Santos Rangel, s/n tel.: 82 3296 7115), uma pousada a beira mar bem estruturada, com serviço top. Pagamos R$90, preço muito bom pela qualidade da pousada. Como ficaremos só hoje mesmo, tá tudo bem. Para comer, é só cruzar uma estreita rua de areia, que temos um restaurante muito maneiro, e a piscina da pousada, bem legal também. Ficamos ali, almoçamos e depois ficamos na piscina.
Resolvi caminhar pela areia até a foz do rio Maragogi. Vi muita sujeira na areia, infelizmente. Até a foz, são 3 km. Quando cheguei lá, a maré subia, e invadia o rio com a sua força. Deu tempo ainda de tomar um banho no rio, conversar um pouco com um caboclo de nome de Carlos, na beira do rio, e ver uma aula de kite surf ministrada do outro lado do rio por uma cara que tem uma escola de kite em Maragogi. Foi um fim de tarde legal. Começou a escurecer, e resolvi voltar para a pousada, pela praia mesmo. Maré alta, quase sem areia para caminhar. Na pousada, tomei um banho de piscina, e depois me meti no quarto, para descansar.
A noite, saímos para comer. Preferi um lanche e um suco dessa vez. Na verdade, dois lanches e dois sucos (rsrs)...caminhamos pela orla escura mas bonitinha de Maragogi, com lojinhas e pousadas. Foi legal. O cansaço bateu, e voltamos para a Shalon, dormir para acordar cedo amanhã, e ver a maré vazante.

Dicas: Maragogi tem umas formações de corais a 6 km de distância mar a dentro, que eles chamam de galés. Do centro de Maragogi saem uns barcos para visitar essas formações, e quem fez diz que vale muito a pena. Eu não fiz, mas vi umas fotos – e me arrependi de não ter feito.

Caminhando pela orla de Maragogi
Rio Maragogi e um praticante de kite surf
Pousada Shalon Beach, muito boa!
Uma bela descoberta no caminho: Japaratinga
Japaratinga
Bem vindo à Maragogi
Maragogi – Porto de Galinhas (18/9)

Tentei acordar mais cedo, mas não rolou. É que o Carlos, aquele caboclo que eu conheci na margem do rio Maragogi, me disse que se estivesse cedo lá na margem do rio, dava um jeito de me levar para as galés na faixa. Não deu. Acordei lá pelas 8h. Eu estava muito preguiçoso, Iara também. A verdade é que eu não queria ir embora, mas não teve jeito.
Pagamos a diária, e seguimos. A estrada é a AL 101, que margeia a costa até a divisa com o AL/PE. Asfalto bom, trajeto cheio de curvas. Até Porto de Galinhas, 80 km. Pertíssimo.
Chegamos a Porto de Galinhas. De cara já se percebe que é um lugar com maior estrutura turística e um tanto elitizado. Passamos por dois resorts antes de chegarmos a vila de Porto. Lá encontramos Daniel, uma amigo da Iara das antigas, que se mudou com a mulher Cláudia para Porto de Galinhas. Gente finíssima os dois.
Daniel (que a galera local chama de Grego ou Dani) nos levou para conhecer a cidade. Alamedas bem cuidadas, lojnhas (várias) e restaurantes diversos, bares na orla, e um mar com várias piscinas naturais. O lugar é bem simpático mesmo.
Ficamos inicialmente na vila, depois fomos a uma barraca de um amigo do Dani, chamado Ed, um figura super simpático que nos atendeu bem demais. Passamos a tarde ali, e depois fomos para a Vila de novo, conhecer um pouco melhor.
De volta para a casa do Dani e Cláudia, ficamos ali de bobeira, até bater um sono. Amanhã vamos curtir um pouco mais aqui.

Recepção em Porto de Galinhas: peixe assado, cerveja e uma cachacinha

Praia espetacular em Porto de Galinhas
Show de beleza em Porto de Galinhas
Porto de Galinhas – 2° dia (19/9)

Acordamos um pouco tarde, e fomos á cidade botar a roupa suja na lavanderia. Vinte dias na estrada foram suficientes para eu ficar sem roupa.
Ficamos o dia todo na praia, lá na barraca do Ed. Foi legal. Um pessoal amigo do Dani se juntou a nós no final da tarde: seu Cláudio, dona Bete, Daniel “Meia”, Laura...uma galera muito legal.
A noite saímos para comer alguma coisa na cidade,e voltamos. Claudia já prometeu para amanhã uma moqueca de camarão.
Dicas: Olha, tem um monte de “barracas” de praia em Porto de Galinhas, mas você quer ser bem atendido mesmo? Então encosta na barraca do Ed, e fala que eu recomendei. O cara vai ficar contente, te dar um bom desconto, além de te encher da mais pura simpatia pernambucana.
Porto de Galinhas – 3° dia (20/9)
Hoje o dia promete: decidi mergulhar. Ontem eu aproveitei para fazer snorkeling, e tive uma experiência bem legal. Fui convencido (sem muito esforço, é verdade...) a fazer mergulho com um pessoal conhecido do Dani, a preço “de amigo”. Hoje eu escolhi fazer o mergulho.
O mergulho tava marcado para as 13h, horário da maré baixa naquele dia. Fiquei na barraca do Ed até as 13h15, quando Dani veio e me levou lá pra vila, no “escritório” á beira mar do Tales, o instrutor de mergulho e um dos donos da empresa de mergulho.
Na areia, o Tales começou a passar as orientações para o mergulho: respirar e expirar sempre pela boca, fazer a sinalização correta de ok para tudo bem, jóia para subir, balançar a mão para mostrar que as coisas não vão bem, bater as pernas suavemente...tudo muito didático e fácil. Partimos para a jangada confiantes e animados.
Junto comigo foi uma família (pai, mãe e a filha de 10 anos). Chegamos até a piscina natural mais afastada, o local do mergulho. Começamos a nos preparar: cinto de lastro, colete, cilindro, nadadeira. Tudo pronto, caímos na água.
Foi umas das experiências mais empolgantes da minha vida! Mergulhar é entrar de cabeça em outro mundo, azul, etéreo...é o mais próximo de caminhar no espaço, eu imagino. E respirar embaixo dágua é fascinante. Os peixes te cercam, cardumes de donzelinhas, peixe-agulha, cirurgiões. Se escondem e se mostram...cores, sons, sensações. Fica até difícil descrever tudo o que eu senti lá. Posso te dizer só que mudou minha visão do mar, um elemento pelo qual eu já tinha um puta respeito.
Passei o resto do dia meio anestesiado, curtindo. Almoçamos uma bela moqueca feita pela Cláudia, e fui descansar. A noite, mais uma sessão “sabores do Nordeste”, dessa vez com umas tapiocas de deixar qualquer um bobo...
Porto tá sendo uma parada deliciosa antes da volta para Sampa.

Dicas: Mergulhar é aquele tipo de esporte que uma vez que você faz, não quer mais parar!! É seguro, tranquilo, e te deixa em imersão total com a natureza. Só quem mergulhou sabe o que é ver um cardume de peixes passar por você e te envolver, é fantástico. Lá em Porto, procure pelo pessoal do Tales (não me lembro do nome da empresa...) e pelo Miguel, um português gente finíssima, que vai te dar todas as coordenadas para os iniciantes curtirem muito essa experiência.

Na jangada, indo para o ponto de mergulho

Miguelito, o instrutor de mergulho amigo do Daniel

Sensação espetacular que só o mergulho scuba diving te proporciona

Snorkeling
Porto de Galinhas – 4° dia (21/9)

Passamos praticamente o dia todo na praia. Ficamos lá na barraca do Ed, mais uma vez, curtindo o domingão crownded de Porto de Galinhas: praia lotada e vendedores á rodo.
Almoçamos ali na barraca do Edi mesmo, uma pescada amarela de mais ou menos 2 kg: não sobrou nada do pobre peixe, que foi servido com macaxeira. E umas doses de Pitu, a cachaça tradicional lá do PE. O Edi é uma daquelas figuras alegres e bom papo que faz a gente passar as horas sem perceber. E papo com o Edi é sempre divertido, pode apostar.
Voltamos para casa do Dani / Cláudia já no final da tarde. Fomos depois até a vila, comer um hot dog, e voltamos. O cansaço bateu forte, mas tomamos uma decisão importante: vamos embora na terça (23/9).

Porto de Galinhas – 5° dia (22/9)

Acordamos cedo, afinal nossos anfitriões estavam de folga, em casa. E os planos já estavam traçados: um churras de peixe e alguns espetinhos de carne.
Fomos eu e o Dani ao mercado comprar as coisas para o assado, e na volta eu e Iara fomos para praia. Foi uma despedida legal dessa praia show.
Voltamos lá pelas 14h a tempo de pegar o churras no meio. Estávamos em seis: eu, Iara, Dani/Cláudia, Daniel “Meia” e Laura. Foi bem divertido, altas histórias, risadas, mas o melhor ainda estava por vir.
Fim do churras, o Daniel “Meia” sugeriu da gente mergulhar. Genial! Fomos todos para vilinha, arrumamos as coisas na jangada, e fomos até as piscinas naturais. Lá mergulhamos, fim de tarde. Meu guia dessa vez foi Miguel, o Miguelito, gente boa, experiente. A condição de visibilidade da água estava muito melhor do que no dia em que eu mergulhei pela primeira vez. E junto com Miguel, mergulhei a uma profundidade de 15 metros. Foi emoção pura, dizem que quem mergulha não pára mais, e eu creio que eu seja um desses.
Voltamos, banho tomado, e peguei o rumo da vila novamente, junto com Iara, agora para comprar as últimas lembranças (na verdade, fui comprar melaço, o mel da cana de açúcar). Comemos um hot dog, e voltamos para a casa de Dani/Cláudia, para um bate papo com casal amigo. Amanhã, vamos pegar a estrada, começa finalmente a viagem de volta para Sampa.

Dicas: Se quiser comprar uma lembrancinhas baratas, procure bastante, porque os preços variam muito.

Grande Edi, o barraqueiro mais maluco do pedaço

Lojinha bacana na vilinha
Jangadas se preparando para partir para o mar
Daniel (rest in peace), Claudia, Iara e eu
Eu, Iara e Miguelito
Porto de Galinhas – Japaratuba (23/9)

Acordamos cedo, 6h30, arrumamos as coisas no carro, nos despedimos do Dani e Cláudia, e pegamos a estrada. Quer dizer, quase: paramos num posto BR para trocar o óleo do carro e dar um trato legal antes de ir para Sampa. Mas a troca de óleo só começava ás 8h. Pois então, esperamos.
Finalmente na estrada ás 9h30, e o destino ainda não estava definido: iríamos dirigir até onde desse, logicamente com luz do dia. Desde sempre dirigir a noite nunca foi uma opção.
Logo na saída de Porto de Galinhas, na PE 060, demos carona a uma senhora até Camela (PE), o povoado próximo. Seguimos pelo mesmo caminho que viemos, PE 060, depois AL 101, até a Praia do Francês. Ali mudamos o caminho, fomos para Marechal Deodoro (AL).
Marechal Deodoro é uma cidade muito simpática, de um povo hospitaleiro e prédios seculares. Paramos para almoçar num restaurante simples, sem nome, de propriedade de dona Zezinha Cipriano. Boa comida, barata (um PF que serve duas pessoas, R$8). Ficamos ali um tempo, eu ainda saí para fotografar a cidade. Caminhei não sei quanto tempo, e faltou muito ainda, havia muita coisa para ver. Voltei ao restaurante, já que precisávamos ir para a estrada de novo.
Seguimos por uma vicinal, até chegar na BR 101 de novo. A boa e velha 101, cheia de caminhões e buracos. Em Alagoas, a BR é esburacada, mas em vários pontos há equipes realizando consertos. Tocamos em frente, um calor sufocante. O sol já ia baixando quando cruzamos a divisa com SE. O tempo corria contra, ia ser difícil chegar até Aracaju. A noite ia caindo rápido. Consultei o mapa, e a cidade mais próxima naquele momento era Japaratuba (SE). Pequena, a chance de ter uma pousada ali era pouca, mas mesmo assim era a melhor opção. Depois de andar um pouco e não encontrar lugares disponíveis, encontramos a Pousada Japaratuba, um misto de pousada e motel, ao preço de R$25. Para quem só precisaria de banho e cama, estava perfeito.
Fomos até o centrinho, arranjar alguma coisa para comer. Em tempos de eleições, a história é sempre a mesma: a política movimenta a economia da cidade. Depois de dois sandubas, voltamos para a pousada, dormir.
Amanhã, seguimos.

Dicas: Alagoas é a terra dos dois primeiros presidentes do Brasil: Marechal Deodoro e Floriano Peixoto. Marechal Deodoro (a cidade) é uma pérola, uma baita lagoa que compões um cenário maravilhoso. Vale uma visita mais demorada.

PF "nervoso", barato e bem servido! 
Marechal Deodoro, cidade onde nasceu o primeiro presidente do Brasil
Marechal Deodoro, com a lagoa Manguaba ao fundo
Linda igreja em Marechal Deodoro
Lagoa Manguaba
Prédio histórico em Marechal Deodoro

Japaratuba – Feira de Santana (24/9)

Acordamos cedo. Tomei um banho gelado (o chuveiro não era elétrico...) e comecei a arrumar as coisas no carro.
Hoje o caminho foi uma colcha de retalhos: começamos na SE 100, no sentido de Pirambu (SE), até Aracaju. Saímos dela e entramos na BR 101, de onde saímos em Estância, para então pegar a SE 368, até a divisa com a BA, onde ela se transforma na BA 099, a Linha Verde. Seguimos por ela até o pedágio do km 32, onde saí á direita, sentido Camaçari (BA); seguimos até Candeias (BA), e então dali até São Sebastião do Passé (BA). Ali, pegamos a BR 324, duplicada, em direção a Feira de Santana (BA), a segunda maior cidade da Bahia. Todas essas estradas pelas quais passamos estavam boas, com exceção do trecho em Camaçari, esburacado por causa do pesado fluxo de caminhões que abastecem o Pólo Petroquímico. O legal foi ver uma BR (a 324) duplicada e segura.
Chegamos a Feira de Santana ás 15h30, cedo para o nosso padrão: é que depois de Feira, a cidade mais estruturada seria Jequié (BA), a 257 km. Caso seguíssemos, dificilmente alcançaríamos a cidade antes de escurecer. Por isso, essa “parada técnica” em Feira.
Arrumamos um hotel bom por R$70, não teve jeito. Depois do banho, saímos atrás de um lugar para comer. Foi difícil. Não porque não houvesse restaurantes, mas porque conseguir uma informação segura e correta nessa cidade se mostrou uma tarefa hercúlea. Ou falam errado, ou falam pela metade. Encontramos um local por causa da nossa teimosia e instinto mesmo. Comemos um estrogonofe de frango por R$11, mais bebida. Foi legal.
Passamos depois no mercado, para comprar umas frutas. Só lembrando: o restaurante se chama Freeway, e o hotel é o Sampaio (Av. Sampaio, 184 tel.: 75 3225 3575).
Voltamos para o hotel, lá pelas 20h. Amanhã, pegamos a BR 116.


Dicas: Feira de Santana é um lugar engraçado mesmo. Se você tiver bom humor, vai acabar rindo da maneira como o pessoal de lá NÃO consegue te informar sobre quase nada! Bom humor sempre.
Ponte sobre o Rio Sergipe
Feira de Santana, cidade estranha e confusa...
 Feira de Santana – Padre Paraíso (25/9)

Descansei bem esta noite. Acordamos ás 6h30, descemos as malas, tomamos café e seguimos.
Antes de pegarmos a BR 116, abastecemos o carro por um bom preço: R$ 2,48 . Tanque cheio, seguimos em frente. Logo de cara se percebe a grande quantidade de caminhões. Mas já estamos acostumamos com a 101, então tudo certo. A diferença aqui é a quantidade de retões de 40, 50 km. Poucas curvas...por isso o caminho é mais curto por aqui, em relação á BR 101.
Passamos por um local chamado Itatins (BA), lugar com umas formações rochosas impressionantes, montanhas e morros no meio do sertão. Eu já havia passado por aqui em 2004, voltando de uma temporada em Natal (RN), e igualmente já havia me impressionado.
Depois de 25 dias de estrada, pegamos uma chuva mais grossa. E bem onde é mais necessária, no sertão da Bahia.
Passamos também por Vitória da Conquista (BA), lugar diferente de tudo, em pleno sertão pegamos um frio igual ao de São Paulo (!!). Foi ali também que conheci uma das mulheres mais criativas e mentirosas da trip. Era dona de uma lanchonete num posto, e quando eu perguntei a ela se a divisa com MG estava longe, me disse que a divisa ficava a 500 km de distância (na verdade, ficava a 62 km!); depois, me disse que a estrada estava ruim, esburacada (na verdade, estava um tapete, havia sido recém recapeada). Foi engraçado, até.
Fomos debaixo de chuva um bom tempo, até a divisa com MG pelo menos. Quando cruzamos a divisa, como por encanto, o Sol apareceu. Encantado fiquei eu com as paisagens do norte de Minas / Vale do Jequitinhonha: montanhas, morros, vales. A vegetação um tanto seca (em alguns locais, fazem seis meses que não chove) compõe um cenário muito bonito, árido, mas de uma beleza inegável. Passando por Medina (MG), várias montanhas; em Itaobim (MG) o rio Jequitinhonha é largo, e uma esperança de vida nesse vale agreste. A BR 116 aqui é emoldurada por montanhas, e se torna bem sinuosa.
Já estava ficando um pouco tarde, e decidimos parar. A cidade escolhida foi Padre Paraíso (MG), uma cidade literalmente cortada pela BR, e cujas as casas se empenham em subir a encosta de uma montanha. Ficamos numa pousada / restaurante chamada Entre Vales, bem na entrada da cidade: quarto a R$40, PF a R$10.
A cidade não tem nada, mas é simpática e tem uma placa gigante na entrada parabenizando Éder Carlos, filho ilustre da cidade, um garoto que ganhou um concurso de soletração nacional num programa de TV do Luciano Huck.
Amanhã, seguindo. Sampa se aproxima.

Dicas: Impossível não se espantar com a beleza dura do Vale do Jequitinhonha...montanhas, relevos secos, a vida aqui não é nada fácil. Mas a natureza nos brinda com cenários fantásticos, entre Cachoeira do Pajeú (MG) e Padre Paraíso.

Paisagens especiais às margens da BR 116

Deu vontade de subir aquela montanha ali...

Comercio à beira da BR 116

Itatins e suas formações espetaculares

Morros no horizonte
Ainda em Itatins, encontrando formações maravilhosas
Não consegui nenhuma palavra melhor do que fanstástico para descrever o cenário nessa região do Brasil! 
Padre Paraíso – Muriaé (26/9)

Levantamos um pouco mais tarde que o habitual, mas na verdade fomos expulsos da cama pelos fogos de artifício de um grupo de cabos eleitorais em frente á pousada...fala sério!
O frio e a chuva nos acompanhou durante todo o dia hoje. As vezes mais forte, as vezes mais fraca, a chuva não desgasta como o Sol, mas em alguns momentos deixa as coisas meio tensas numa estrada como a BR 116. Seguindo, passamos em Teófilo Otoni (MG), e paramos em Governador Valadares (MG). Essa cidade é sede de campeonatos de vôo livre por causa de um pico belíssimo chamado Ibituruna. É uma visão bem legal.
Visitei o Mercado Municipal de Governador Valadares, lugar simples, mas interessante. Foi lá que eu encontrei uma loja chamada Recanto do Queijo, onde você encontra uma infinidade de coisas de Minas: cachaças, queijos, doces. Comprei dois potes de doce de leite. Abastecido de delicias da terra, seguimos.
A chuva apertou mesmo depois de Valadares. No entroncamento de Realeza (MG), uma parada rápida, afinal o corpo já estava reclamando desse final de trip...a partir desse trevo, o asfalto da BR 116, que estava impecável, ficou um pouco ruim durante alguns kms, buracos e trechos destruídos de acostamento.. Determinado momento, vejo uma placa para mim muito cara: saída para o Parque Nacional do Caparaó. Me lembrei imediatamente do início de 2004 e o Caminho da Luz, travessia de oito dias bem interessante, que fiz nesse mesmo ano, nessa mesma região, chamada Zona da Mata mineira.
Naquele momento já havíamos decidido que ficaríamos em Muriaé mesmo, a chuva não permitiria chegar a Leopoldina (MG), como eu queria e gostaria. Entramos em Muriaé (MG), e um trânsito digno de Sampa se formou por causa da chuva. Ponto para nós, que já estamos acostumados com isso e sabemos procurar alguns atalhos...entramos de vez na cidade, e depois de uma rápida busca, ficamos num hotel bacana chamado CLLIN (Av. Alfredo Pedro Carneiro, 102 tel.: 32 3722 6060), R$ 70 mangos por um apê bem legal. Último pernoite da viagem, paguei sem problemas.
A última refeição da trip também foi bem bacana: um restaurante chamado Traírão: traíra frita inteira, sem espinha, com pirão e arroz ao alho. Valeu cada centavo pago.
Amanhã chegamos em São Paulo, e a sensação é de dever cumprido.



Pico Ibituruna, em Governador Valadares
Mercadão Municipal em Governador Valadares


Muriaé – São Paulo (27/09)


Depois de uma noite bem dormida, chegou a manhã com o nosso último trecho a ser percorrido: ir para São Paulo. Tomamos um bom café da manhã no hotel, arrumamos as nossas coisas e tocamos em direção à BR 116. O dia estava claro, pouco lembrava a chuva de ontem.
A BR 116 aqui tem muitas curvas, muitas serrinhas e visuais incríveis. Estamos na região do P.E. Serra do Brigadeiro, e vemos a todo momento o relevo que é abundante lá. A estrada vai descendo, e passando por várias cidadezinhas, uma que me chamou a atenção foi Leopoldina (MG), a cidade onde meu avô Luís, pai da minha mãe, nasceu. Foi um encontro com raízes, interessante.
Abastecemos o carro para cumprir essa última perna até Sampa, a gasolina pelo interior é mais barata que pela costa, sempre: pagamos R$ 2,47 o litro.
Quando cruzamos a divisa de MG/RJ, mudamos automaticamente de estrada, saímos da BR 116 e entramos na BR 393, cheia de caminhões que vão até Volta Redonda (RJ) e Barra Mansa (RJ), que também seria o nosso destino, para dali pegar de novo a BR 116. Cruzamos diversas vezes o rio Paraíba do Sul, numa região que foi muito importante durante o ciclo do café no séc. XIX, o que significa dizer que se consegue ver diversas fazendas da época, que hoje são usadas para o chamado turismo rural.
Passamos por Volta Redonda e sua imagem meio enfumaçada por causa da CSN (Companhia Siderúrgica Nacional), e lá quase tivemos um acidente num cruzamento. Seria muito azar acontecer isso depois de rodar quase 6 mil km...graças a Deus, foi só um susto. Seguindo adiante, entramos de novo na BR 116, agora já com o nome de Presidente Dutra. Daí em diante, foi só tocar mais 293 km até Sampa, já sentindo saudades das coisas que vi, ouvi e provei. Como diz a canção do rei do baião, mestre Luis Gonzaga : “Minha vida é andar por esse país / Pra ver se um dia descanso feliz / Guardando as recordações/Das terras onde passei”.

Dica: Se você puder, fique alguns dias a mais na região de Muriaé explorando as cidadezinhas. Te garanto que não se arrependerá: visuais de montanha, cachoeiras, comida boa, queijo, doces, uma prosa gostosa...cidades como Ubá, Miradouro, Fervedouro e Cataguases reservam boas surpresas.
Comendo uma traíra assada em Muriaé
Leopoldina, cidade onde meu avô nasceu
Cruzando o Rio Paraíba do Sul. A viagem estava chegando ao fim...
Casario dos tempos de prosperidade do café na região norte fluminense
No caminho de casa

Basílica de Aparecida do Norte. Mais uma horinha e chegamos em São Paulo
Gastos
Pedágios: R$ 79,00
Combustível: R$ 1205,83
Ferry boat: R$ 30,95
Total: R$ 1315,78 (ref. Set/08)
Total de kms rodados: 6055 kms

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